Muitas pessoas tem curiosidade para entender como funciona o trabalho com o sonhos na terapia.

Dentro da ótica junguiana, os os sonhos representam imagens que emergem do inconsciente, trazendo pistas de como anda a nossa psique. Os sonhos muitas vezes parecem incompreensíveis à  primeira vista para a nossa consciência, que é acostumada com  um pensamento mais linear e racional. Muitas vezes achamos os sonhos sem sentido, bobagens, ou logo tentamos fazer alguma rápida associação, por exemplo: com alguma situação ou um evento da semana, ou alguma coisa que assistimos na televisão, ou na internet.

A verdade é que, ao mesmo tempo em que ficamos intrigados com os nossos sonhos, também temos uma certa preguiça de tentar compreendê-los. Dentro da análise, chamamos isso de resistência, isso acontece não somente com os sonhos,  mas também com algum conteúdo difícil da nossa vida;  queremos logo uma explicação ou uma solução.

Mas agora, entremos mais na proposta deste texto, ou seja, a diferença entre interpretar e analisar um sonho. Dentro da análise junguiana a interpretação é o que menos importa; não que ela não seja importante, mas nós nunca teremos uma só interpretação de um sonho. A ideia é analisar, ou seja, se debruçar sobre as imagens, deixar que elas falem com a gente sem pressa, então, pouco a pouco, as associações vão aparecendo, o sentido daquele sonho vai se conectando com a situação da vida do paciente, algum insight pode acontecer, uma pergunta que ainda não tinha sido feita, enfim, muitas possibilidade podem ocorrer dentro de uma análise mais cuidadosa.

O importante é ter em mente que muitas vezes algumas imagens vão permanecer enigmáticas pra gente. Precisamos nos lembrar que quando estamos dormindo alguns sistemas que operam no estado de vigília estão adormecidos, é como uma linguagem diferente ou uma vida subterrânea que se apaga ao acordarmos. Às vezes essas imagens mais enigmáticas vão fazer sentido muito tempo depois e por isso é importante ter um diário dos sonhos, temos em tempos em tempos, à medida que a análise avança, retomar sonhos antigos e ter novas perspectivas sobre eles.

De qualquer forma, a pressa pode nos levar a interpretações rasas dos símbolos e dos sonhos e que servem apenas para satisfazer a necessidade do ego de achar que “entendeu” e não refletir.

Então deixe os sonhos serem sonhados.

 

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